quinta-feira, 28 de julho de 2011

BANDEIRA MUNICIPALISTA EM CARAPICUIBA



Meus amigos enternaltas hoje quero discutir o que passa na cidade de Carapicuiba , esta semana estive conversando com secretario da pasta Elias Casunde , o mesmo criou um grupo chamada bandira municipalista , o que vem adizer esta bandeira sao grupo que sao de Carapicuiba , que os futuro prefeito nao chama candidato de fora para asumir alguma secretaria .
eu como lider comunitario vejo um avanço para a democracia brasileira e para a cidade de Carapicuiba
Costuma-se iniciar qualquer discussão sobre o fim da Idade Moderna é o início da Idade Contemporânea falando da Revolução Francesa, de 1789. Análises históricas, sociológicas, políticas e culturais tomam este marco como o ponto de partida de inúmeras refl exões. A queda da Bastilha também pode ser tomada como um marco referencial para a discussão sobre a comunicação.

Na França do Rei Luis XIV, a comunicação de qualquer idéia era feita por meio da oratória de padres, bispos ou dos laicos iluministas, ou por meio de livros, caros e raros naqueles tempos. Não havia toda a parafernália que hoje conhecemos, desfrutamos e usamos em profusão. A diferença entre a comunicação dos reis franceses com seus súditos no século XVI e no século XVIII era muito pequena. Luis XVI se vangloriava de que, no seu reino, existia um único jornal. Porém, isto foi assim até 14 de julho de 1789.

A Bastilha caiu e, com ela, a história da França e do mundo mudou. E a comunicação também. Do dia em que a Revolução triunfou, 14 de julho, até 31 de dezembro daquele ano, a França viu nascer cento e oitenta e quatro periódicos, muitos deles, diários. No ano seguinte, quando o novo regime político precisava se fi rmar, em Paris foram criados trezentos e trinta e cinco novos jornais. Dez anos após a derrubada da monarquia francesa, com direito ao corte das cabeças de Luis XV e sua senhora Maria Antonieta, em 1878, uma lista da polícia relacionava cento e sete jornais parisienses e mais sessenta no interior da França. Por que este fl orescimento enorme de jornais com a Revolução Francesa?

Pela mesma razão pela qual, anos depois, Napoleão, ao conquistar reinos e principados, tinha como prioridade montar uma tipografi a e criar um jornal. Precisava difundir os ideais da Revolução e, depois, do novo Império Francês. Os primeiros revolucionários e o regime que nasceu daqueles anos turbulentos sabiam da necessidade de difundir suas idéias, seus ideais, enfi m, sua visão de mundo. Gracco Babeuf, jornalista revolucionário dos primeiros dias, assim nos fala da centralidade da comunicação, num dos seus jornais daqueles anos: É pela opinião pública É pela opinião pública que se pode fazer tudo. Desde que se consiga orientá- la para um sistema qualquer, temse a certeza de fazer prevalecer este sistema. Porque a opinião do povo, como se diz muito bem, é sua força e a força do povo é tudo! (Journal de Laberté de Presse – 27.09.1794). Certamente, se Babeuf, o precursor do socialismo, Babeuf tivesse vivido no século XX, após as experiências das revoluções deste século e após as refl exões de Gramsci sobre a hegemonia, teria matizado mais seu discurso. Teria percebido, com Gramsci, que a hegemonia não se apóia só no convencimento, na propaganda. Ela precisa, junto com o conhecimento, do poder de coerção. Mas isto não vem ao caso neste momento. O que fi ca é a percepção clara da centralidade de comunicação na política moderna.

Naquele tempo, se falava do poder da imprensa, dos jornais e dos já tradicionais livros (embora não na dimensão de massa do tempos hoje). Hoje, século XXI, se fala do poder da mídia, e há várias defi nições sobre este poder. ...a mídia não é simplesmente uma força estranha à máquina do poder. Ela é parte integrante dele. Uns chamaram a imprensa, e com maior razão a mídia, de quarto poder.

Algo diferente do clássico poder perfi gurado na distinção escolástica dos três poderes. Na verdade, a mídia não é simplesmente uma força estranha à máquina do poder. Ela é parte integrante dele. Hoje, não há poder sem mídia. A mídia é o que divulga, propagandeia, sustenta ou derruba um sistema, um regime. O que transformou as três mil mortes do atentado terrorista (de não se sabe quem) às Torres Gêmeas de Nova Iorque, em 2001, num fato que infl uenciou tremendamente a política mundial? Qual é o peso da enorme exposição deste atentado pela mídia e a aceitação da invasão americana no Iraque, em seguida? Por outro lado, qual é o peso que a mídia deu ao quase idêntico número de soldados americanos mortos desde a invasão do Iraque em 2003? Quem determina que as dezenas de milhares de mortos daquele país não tenham nenhum peso nos noticiários de jornais, rádios e TVs do mundo todo? A mídia americana, a partir do 11 de setembro de 2001, se tornou parte integrante do poder.

Só agora começou a dar sinais de um leve desconforto com este papel de inbedded (os jornalistas americanos que dormem em instalações militares americanas), com a devastação provocada pelos furacões Katrina e Rita em New Orleans. Em síntese, a mídia, há tempos, assumiu um papel central na política. Um papel determinante na construção e manutenção da hegemonia. É POSSÍVEL DEMOCRATIZAR ESSA MÍDIA? Com a constatação do poder que a mídia possui hoje (não em 1750), surge uma pergunta que necessita de uma resposta clara. Se a mídia é tudo isso, se é uma das duas pernas sobre as quais se baseia a hegemonia, a dominação, será que os donos do poder vão permitir democratizá-la? Ou seja, é possível democratizar a mídia?

Em síntese, a mídia, há tempos, assumiu um papel central na política. Um papel determinante na construção e manutenção da hegemonia. A sociedade está numa guerra. De um lado, os interesses do capital fi nanceiro e industrial; do outro, os interesses dos povos, dos trabalhadores, da imensa maioria. Não há interesses comuns. Há os interesses do grande capital de extrair o máximo de lucros, a qualquer custo. Disso deriva que os EUA não queiram assinar o Protocolo de Kyoto. Não podem se preocupar com questões “secundárias” sobre aquecimento global, limitação de emissão de poluentes e outras questões de ambientalistas, ecologistas e alteromundistas. Ceder a estas pressões seria limitar os lucros. Isso, o FMI, o Banco Mundial, o Pentágono e o comitê central das multinacionais não podem permitir. E então, onde fi ca a mídia dos EUA nesta estória? Do lado de Bush e do complexo industrial-militar que não quer o Protocolo de Kyoto.

Como democratizar a mídia? Um jornalista individualmente poderia desafi ar o establishment? Tomemos o caso dos transgênicos no nosso país. O poder da Monsanto passa pelo Ministério da Agricultura e pelo Banco Central; seus interesses determinam toda uma política agrária no país. E nossa mídia? Ela repete o que a Monsanto e o Império querem! Repete a idéia de que com a soja, o milho, o trigo e tudo que é transgênico será resolvida a fome no nosso país. Nem será preciso mais que haja o Programa Fome Zero.

Tudo será resolvido com sementes Monsanto. Basta analisar todos os jornais do País, da Folha ao Estado, passando pela Veja, Época e companhia. Qual destes veículos se coloca contra os transgênicos? Eles poderiam? Poderiam, sim. Só que não querem! O seu projeto passa pela Monsanto. Este é seu projeto de país. Então, o que signifi ca democratizar a mídia? Fiquemos neste exemplo dos transgênicos. Será que a Folha, a Veja, O Globo vão enfrentar os planos da Monsanto? Claro que não. Isto não se deve apenas a interesses concretos de inserções de propaganda em suas páginas. O motivo é bem maior. É que a política da mídia empresarial é a mesma da Monsanto. É uma política corporativa. Uma política de classe. A mídia sabe muito bem quais são seus interesses de classe. “Seus”, de quem? Dos seus donos.

A MÍDIA TEM DONO, E O DONO TEM CLASSE
Ao discutir a democratização da mídia, é preciso partir do começo da discussão. O que imagina o senso comum? Que a mídia seja uma entidade que paira no ar. Acima das classes. Fora da luta política de todos os dias. Nesse raciocínio, nada é mais natural do que a mídia dar espaços aos seus inimigos. O que imagina o senso comum? Que a mídia seja uma entidade que paira no ar. Acima das classes. Estas idéias simplórias não levam em conta a premissa fundamental de que a mídia tem dono. Quem manda numa fábrica, num banco ou num supermercado é o seu dono. Diretores, gerentes e chefetes podem opinar nas questões menores. Mas a linha central, a última palavra, é do dono - ou dos donos. Este dono ou estes donos têm classe, e interesses de classe a defender. E os defendem muito bem.

É por isso que a revista Veja, durante quatro anos seguidos, escondeu o Fórum Social Mundial (FSM) em suas capas. O Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2004, e na Índia, em 2005, foi um acontecimento que ia no sentido absolutamente contrário a tudo o que a Veja escreve e propõe. O FSM falou contra o imperialismo americano, contra a Alca, o FMI e o Banco Mundial. Contra os transgênicos e contra as multinacionais que sugam o sangue do Brasil. Falou contra a dívida externa. Falou contra a fl exibilização dos direitos dos trabalhadores. Falou a favor da demarcação das terras indígenas, da proteção das nossas águas, contra a devastação da Amazônia e de muitos outros temas.

Todos esses assuntos foram analisados numa visão diametralmente oposta à da Veja. E aí? Vamos democratizar a Veja? Vamos pedir ou exigir que ela dê voz às minorias? Aos outros? Para nos curar desta ilusão, está aqui a realidade: Veja estampou as seguintes manchetes nas capas das edições que saíram logo após o fi m de cada edição do FSM: - 13.02.2002 – - 13.02.2002 – “Sua idade sexual”; - 29.01.2003 – “Diabetes, o inimigo oculto”; -21.01.2004 - “Atração sexual”; -02.02.2005 – “A verdade sobre os remédios”. Ótimas manchetes para fazer esquecer que acontecem encontros que reúnem dezenas de milhares de pessoas, de mais de cem países, para combater tudo o que a Veja pensa, escreve e propagandeia. Pouco importa se em Porto Alegre, em 2003, o FSM contava com representantes de mais de cento e trinta países. Pouco importa se, em 2004, em Mumbaí, na Índia, mais de duzentas mil pessoas participaram do encontro. Não interessa se houve a presença de personalidades políticas, intelectuais e prêmios Nobel da Paz. Tudo isso não interessa nada. Só uma coisa interessa à Veja e à classe que ela representa: encobrir o fato, escondê- lo, negá-lo. Assim foi feito. Como? Com manchetes como a de 2002: Sua idade sexual. E os outros fóruns, como foram? Que fórum? O leitor da Veja saberá que a diabetes é um perigo oculto, fi cará craque em atração sexual e expert em conhecer a verdade sobre os remédios. O Fórum Social Mundial não tem importância nenhuma. Como democratizar a Veja? Fazendo outra revista melhor. O que vale para o exemplo da Veja vale para todos os outros veículos, do rádio à TV. Mas isto veremos a seguir.

MIL EXEMPLOS DA MÍDIA DE CLASSE
A palavra mídia é uma palavrinha bonita, simpática. Ela, em sua origem grega, não diz quase nada. Mídia são os meios: meios de comunicação. Pronto, acabou. Eles servem para comunicar, o que seria bom, se fosse verdade. Na realidade, a palavrinha simpática esconde que estes meios são de comunicação, sim, mas são direcionadíssimos. Não existe uma mídia que seja puramente mídia, pois ela é o meio para disputar a hegemonia. Para garantir a hegemonia atual ou se contrapor a esta. A mídia tem dono, tem classe e interesses de classe a defender. Estes interesses não são os do povo, obviamente.

A mídia tem dono, tem classe e interesses de classe a defender. Estes interesses não são os do povo, obviamente.

No livro Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais, há uma passagem na qual o criador dos Diários Associados, após ter comprado vários jornais, em 1931, explicita sua atitude frente ao novo governo de Getúlio Vargas. Escreve o autor: Prevendo que teria problemas com a censura, deu ordem para que os jornais e a revista mantivéssem uma postura neutra e imparcial diante do governo, apenas noticiando atos. Quem quisesse ter opinião que fifi zesse como ele: comprasse um jornal. Nos Associados, só o dono emitia opiniões. Vejamos o exemplo de Hugo Chávez, na Venezuela. É inútil relembrar aqui o golpe midiático que foi dado contra ele, em abril de 2002.

A palavra já explica. Um golpe orquestrado, coordenado, desejado, planejado e executado pela mídia burguesa venezuelana e por seus donos, com suas poderosas máquinas de TVs, rádios e jornais, com ajuda ideológica do imperialismo americano, que se colocou ao seu dispor. Chávez aprendeu a lição. Neste ano de 2005, centenas de rádios comunitárias foram incentivadas e autorizadas a funcionar. O mesmo vale para as TVs comunitárias. Mas não só com rádios e TVs comunitárias se garante uma disputa contra-hegemônica, numa sociedade totalmente midiatizada. Chávez precisava de algo mais. Assim, em fi nal de julho deste ano, a Venezuela encabeçou a iniciativa de criar uma televisão alternativa às que tentaram derrubar o governo em 2002. Da necessidade concreta de se proteger contra os inimigos de classe e do sonho bolivariano de criar uma integração da América Latina, nasceu a TV-Sul, a Telesur.

Da necessidade concreta de se proteger contra os inimigos de classe e do sonho bolivariano de criar uma integração da América Latina, nasceu a TV-Sul, a Telesur.

Nas palavras do jornalista brasileiro Beto Almeida, diretor internacional da Telesur, o canal nasceu para resgatar e revelar histórias, lutas e tradições da América Latina. Beto Almeida, numa entrevista à Agência Brasil, na véspera da inauguração do canal, deixou claro quais eram os seus objetivos: A Telesur é uma alternativa aos milhões de latino-americanos que queriam ver uma informação diferente, que não seja submetida às televisões comerciais que tem seus critérios determinados pelos interesses de seus grandes anunciantes. Em seguida, esclarece: Nós somos Nós somos uma TV pública que não tem nada a ver com os interesses do mercado ou do lucro. Logo após esta declaração, Almeida entra no cerne do nosso tema: a mídia tem lado! Não existe imparcialidade. As grandes mídias não são imparciais.

Elas são favoráveis à defesa de programas econômicos neoliberais, defendem a continuidade da desnacionalização da economia, de planos econômicos que levaram a América Latina a viver essa situação de miséria. Isto não é imparcialidade. Nós tampouco somos imparciais. Somos independentes porque não temos vinculação com agentes interessados no lucro. Nós defendemos aquilo que está nas constituições dos países: a integração latino-americana. Qual é a prova da parcialidade da mídia empresarial? Da mídia burguesa? Beto Almeida nos dá um exemplo que escancara a falácia do mito da mídia feita para pura e simplesmente informar. Numa entrevista, Almeida conta que, em junho deste ano, a Venezuela foi declarada, pela UNESCO, território livre do analfabetismo. E a mídia brasileira destacou este fato? Não seria uma notícia importante? Seria sim. Se não existissem classes sociais. Se não existissem interesses políticos. Por que a Folha, a Veja e O Globo não falaram nada desta enorme vitória do Governo Chávez? É Simples! Porque toda a nossa mídia é contra esse “péssimo exemplo” da Venezuela. Mas o analfabetismo não é uma praga erradicada do Brasil? Por que a Veja e os outros meios não falaram disso?

A primeira batalha, a mais primitiva e simplória, é garantir o direito de resposta quando alguém se sente atingido...

Beto Almeida arremata:

Da mesma forma que ninguém quer mostrar que a solução encontrada pela Argentina para renegociação de sua dívida externa, que disse que só honraria 70% das suas dívidas. A grande mídia não atuou de forma imparcial. Ela disse que aquilo seria uma catástrofe. Um absurdo. Que a Argentina estava caminhando para o desastre. E não aconteceu nada disso. Ela foi muito bem-sucedida nessa renegociação da dívida. A economia da Argentina está se recuperando. Houve aumento de salário, das pensões dos aposentados. A indústria está tendo uma reanimação muito importante. As grandes mídias não quiseram e não querem dar destaque a essa recuperação. A mídia não tem nenhuma imparcialidade. Ela tem total parcialidade. E a democratização?

DEMOCRATIZAR A MÍDIA: DUAS FRENTES
Numa guerra, há várias frentes de batalha. É preciso ter uma tática para cada uma delas. Cada uma tem a sua importância, mas há aquela que é a central. Na guerra da democratização da mídia, é a mesma coisa. Vamos dar uma olhada em algumas destas frentes. Comecemos pela secundária e, ao mesmo tempo, a mais diretamente lembrada em relação a este assunto. A primeira batalha, a mais primitiva e simplória, é garantir o direito de resposta quando alguém se sente atingido, ofendido por um artigo, ou um programa de rádio ou televisão. É um direito a ser mantido e defendido, mas não atinge minimamente os objetivos de garantir uma disputa de hegemonia. Uma frente que avança na construção de uma mídia que permita disputar com o outro lado é a disputa institucional pela democratização da mídia, a luta para conquistar uma legislação que a garanta. Para garantir o direito de ter seus próprios instrumentos de mídia, livremente, sem ter de enfrentar obstáculos dos atuais donos de todas as mídias.

Direito de liberdade de imprensa e, hoje, direito ao uso das ondas do ar, com todas as suas implicações tecnológicas.

Direito de liberdade de imprensa e, hoje, direito ao uso das ondas do ar, com todas as suas implicações tecnológicas. Fala-se, no Brasil, da necessidade de uma reformulação completa das chamadas “concessões públicas” de rádio e TV. São palavrinhas inócuas e falseadoras da realidade. No sistema de propriedade de rádios e TVs, nada há de público. São absolutamente privadas, como um latifúndio que alguém diz ser seu. São latifúndios absolutamente privados, tanto quanto as terras do Rei da Soja, o Blairo Maggi. No entanto, são chamadas de “concessões públicas”. A luta institucional passa pela reformulação completa deste sistema. Quem disse que as concessões não podem ser democratizadas? Tornadas públicas de verdade? E o que viria a ser este caráter público? Quem disse que estas concessões são intocáveis, praticamente eternas? Que tal uma “reforma agrária” no ar? É impossível? Na discussão sobre a democratização dos meios de comunicação, o tema precisa ser encarado com coragem. Mas nada disso se fará sem uma grande mobilização popular consciente dos seus direitos e disposta a os impor.

Esta é uma linha de luta pela democratização dos meios de comunicação que passa pela luta institucional, jurídica e parlamentar. No entanto, é difícil vislumbrar alguma vitória das forças populares, considerando que quase a metade dos membros da atual Câmara e do Senado são donos de sesmarias do ar. Por que os Sarneys, que controlam praticamente todas as TVs do Maranhão, iriam querer democratizar seu império? Como vão querer rever e, obviamente, perder a mamata, as quarenta e sete rádios que o clã Sarney possui no Estado? Na Bahia, outro estado semelhante ao Maranhão, o PFL, além da TV de ACM, em Salvador, possui cento e cinqüenta e três estações de rádio espalhadas pelo estado inteiro. Este vai querer discutir sobre democratização? Mas é bom tentar. Afi nal, a esperança é a última que morre! Esta frente institucional, que visa a controlar os meios de comunicação e impedir sua concentração nas mãos de poucos donos, é louvável. Quanto à sua efi cácia... é só perguntar para o chefão da Itália, o Berlusconi. Dono de praticamente toda a mídia daquele país, das TVs e de todas as editoras, revistas e jornais. O último jornal a cair nas mãos do “chefão” foi, meses atrás, o mais célebre jornal italiano, o Corriere della Sera. Noutros países, não é muito diferente. É só pensar no antigo Cidadão Kane e no atual Murdock – dono de metade da mídia norteamericana.

DEMOCRATIZAR A MÍDIA É FAZER A NOSSA
Enquanto não conseguirmos que o parlamento e o Senado façam a suprema concessão de estabelecer alguma lei que democratize a comunicação no nosso país, há uma tarefa que é tão velha quanto... a Revolução Francesa: fazer nossos jornais. Atualmente, não só jornais, mas nosso sistema de mídia, abrangendo todos os domínios: rádio, TV e internet. Essa não é uma tarefa impossível. Acima, falamos da Telesur, um canal de televisão internacional para divulgar o que a Globo, a Veja, a Folha, o Estado de S. de Paulo e os outros veículos menores nunca irão noticiar - nunca, não. Às vezes, vão noticiar, mas omitindo o principal, o que faz a diferença.

O modo de fazer isto é muito simples; é o que mais acontece. É só contar o fato nu e cru, aparentemente imparcial. Mas a omissão sobre como aconteceu e por que aconteceu, a notícia muda completamente. Há dezenas de exemplos, verifi cados todos os dias. Outras vezes, a mídia patronal distorce explicitamente os fatos para não se chocar com suas versões e interpretações diárias, repetidas de mil formas. Às vezes, se não for sufi ciente esconder ou distorcer, mentem, pura e simplesmente. A TV-SUL veio para dar a sua versão dos fatos. Sem disfarces, sem enganações. Ela se propõe a ter lado. Tem lado e assume. É um exemplo do que se pode fazer, o melhor exemplo de democratização da mídia; como Chateaubriand, parar de reclamar e fazer sua própria comunicação.

No Brasil, temos belos exemplos de publicações populares de esquerda vendidas em bancas, para quem quiser comprar. Da nova safra da época da redemocratização, podemos lembrar a revista mensal Reportagem, criada por Raimundo Pereira, o criador de Opinião, Movimento e do jornal diário Retratos do Brasil.

A grande mídia empresarial, evidentemente, publicava o que queria, como queria, quando queria e, não podemos esquecer, mantendo seus acordos com a ditadura militar.

Da mesma época da Reportagem, há também a revista mensal Caros Amigos, coordenada por José Arbex Jr., que também está na origem de um semanário em formato de jornal: Brasil de Fato. Este último existe e persiste há dois anos e meio, levando um resumo dos fatos da semana, do Brasil e do mundo, do ponto de vista dos trabalhadores. Para Brasil de Fato, não há dúvidas de que uma coisa é a visão dos trabalhadores sobre a reforma agrária, e outra é a do FMI e do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ou do Deputado Ronaldo Caiado, da UDR.

São visões opostas. É por isso que foi criado o Brasil de Fato. Para dar sua versão dos fatos. Há outras publicações mais restritas de vários agrupamentos da esquerda que também seguem esta mesma tendência a criar seus próprios instrumentos. São várias: Opinião Socialista, O trabalho, Em tempo, Inverta, A Verdade e outras mais. Na história do nosso país, há períodos nos quais a criação de instrumentos de comunicação se intensifi cou. Típica é a época do pós-guerra (1945- 1946), quando o Partido Comunista, recém legalizado, criou dez jornais diários. Um em cada capital dos maiores estados do país. Era a época do famoso “Ouro de Moscou”, mas isso não vem ao caso agora.

O fato é que este “ouro” era muito bem usado... para disputar a hegemonia. Outro momento histórico no qual os que disputavam a hegemonia com a classe dominante criaram uma vasta rede de mídia é o da explosão das greves em l978. A grande mídia empresarial, evidentemente, publicava o que queria, como queria, quando queria e, não podemos esquecer, mantendo seus acordos com a ditadura militar. Continuavam os jornais da Imprensa Alternativa vendidos em bancas e nasciam novos instrumentos intermediários entre o trabalho de bairro e o trabalho de fábrica, com o famoso ABCD Jornal. Nasciam boletins regulares, como o Folha Bancária, da Oposição Bancária, em São Paulo, e boletins feitos de recortes de jornais de grande imprensa, como o mais célebre, o Jornal dos Jornais, vendido de mão em mão nas fábricas de São Paulo. Em sindicatos de luta, como o dos Metalúrgicos do ABC, o jornal do sindicato, Tribuna Metalúrgica, a partir das greves de 1978, passou a ter um papel cada vez mais importante. Foi assim que se tornou diário, e continua até hoje.

Além disso, jornais, sindicatos e oposições sindicais passaram, a partir de 1979, a produzir muitas cartilhas, algumas delas totalmente ilustradas por militantes. Produziam-se cordéis, para uma classe operária migrantes vindos do nordeste para o Sul industrializado. Organizavam- se grupos de teatro, entrosando ainda mais a classe operária e a classe média no projeto que permaneceria atuante durante toda a década de l980. Evidentemente, tentava-se furar o cerco da mídia empresarial, sobretudo por meio de muitos jornalistas simpáticos aos trabalhadores da imprensa empresarial, e forçavam a barra para driblar o bloqueio dos patrões. Mas nem por isso se descuidavam de sua própria imprensa. Assim foram criados vários jornais sindicais diários, como o do Sindicato dos Bancários e dos Químicos de São Paulo, e depois, de Brasília e Salvador. Esta foi a forma de lutar pela democratização da mídia naqueles anos. Ao mesmo tempo, lutava-se em duas frentes. Fazia-se sua própria imprensa e sua comunicação, sem pedir licença a ninguém. Ao mesmo tempo, lutava-se por um país diferente, onde a democratização se tornasse realidade, não só na comunicação, mas em toda a vida política do país. As lições do passado podem nos ajudar na discussão e na luta do presente.