
Eduardo Braga garantiu que a proposta de Alvaro Dias entrasse na pauta de ontem do Plenário |
Aprovada em dois turnos de votação, a proposta substituiu na pauta de votação a PEC 38/04, do então senador Sérgio Cabral, atendendo a requerimento do líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM). Essa PEC, mais ampla, extinguiria o voto secreto parlamentar em todos os casos, incluindo a escolha de autoridades e a análise de vetos presidenciais. Braga, porém, salientou que só havia consenso no Senado em torno do voto aberto em caso de perda de mandato — como prevê a PEC aprovada.
Em defesa da proposta de Alvaro, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) argumentou que o voto secreto em autoridades, como indicação de chefes de missões diplomáticas e ministros de tribunais superiores, e no exame dos vetos presidenciais consiste em “proteção dos parlamentares” contra pressões externas.
Paulo Paim (PT-RS) discordou, lembrando que em sua atuação no Congresso nunca viu um veto presidencial ser derrubado.
— Não tem que ter medo. Ninguém aqui tem medo do voto aberto. Quem tem medo de abrir o voto no caso de análise de veto presidencial tem que sair da vida pública — afirmou, enfático, sendo acompanhado por Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Vital do Rêgo (PMDB-PB) na defesa do fim do voto secreto no Congresso.
Vontade de trair
Pedro Taques (PDT-MT) chegou a afirmar que o voto secreto “dá vontade de trair”, mas o parlamentar não pode ter receio de seu voto.
— Senador e deputado que não aguentam pressão têm que voltar para casa.
Blairo Maggi (PR-MT), Ana Amélia (PP-RS), Paulo Davim (PV-RN), Wellington Dias (PT-PI), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Benedito de Lira (PP-AL), José Pimentel (PT-CE), Sérgio Souza (PMDB-PR), Eduardo Lopes (PRB-RJ), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Sérgio Petecão (PSD-AC) também se manifestaram a favor do fim do voto secreto nos casos de cassação de mandato parlamentar.
A PEC aprovada modifica o artigo 554 da Constituição no parágrafo que estabelece o voto secreto em decisões de perda de mandato de deputados e senadores.
Ao justificar o projeto, Alvaro chegou a mencionar os escândalos do mensalão e das sanguessugas como exemplos de situações em que a recomendação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pela perda do mandato acabou não sendo seguida pelo Plenário: “É possível que se crie constrangimento, mas a população tem o direito de fiscalizar o seu representante”, segundo o senador.
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